Wednesday, August 24, 2005

O sopro

Costuma dizer-se que quando uma borboleta bate as asas origina um furacão no outro lado do mundo.

Isto faz-me supor que o mais pequeno gesto que faça: o mais insignificante espirro, suspiro, piscar de olhos... podem ter implicações tremendas em toda a conjuntura geo-estratégica (este termo fica sempre bem, onde quer que o ponham...)
Ou se calhar não...


E se eu não tivesse dado um pontapé ao Nélson na primária?
E se eu não tivesse levado uma estalada da professora?
E se eu não tivesse beijado as meninas todas na boca?

E se...

E se...

Lembram-se daquelas pinturas estranhas que resultavam de um sopro por uma palha, em direcção a umas gotículas de tinta da china?

Pois muito bem.
O sopro regula a forma que a tinta assume.
Todas as ramificações, todas as vizinhanças, todas as amizades entre os traços similares e as enormes desavenças entre famílias de traços com espessuras diferentes...

Não será tudo isto um recipiente enorme de tinta da china que cada um vai soprando como pode? E como lhe dá mais jeito?

O que não deixa de ser curioso é que quanto maior for a convicção com que sopramos mais estranha será a configuração da nossa "obra de arte".
E isto também me faz pensar...
E se não soprarmos?
Se calhar o próprio vento se encarrega de rabiscar por nós uns gatafunhos no papel virgem...

Assim, os nossos gestos, se calhar, não são assim tão importantes...
É estranho.
Mas ainda bem.

Até breve!

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